segunda-feira, 26 de abril de 2010

Malditas Formigas

Uma cabana, uma fogueira e eu, olhando a sociedade de fora, rindo ao me dar conta de seus defeitos, feliz por estar sozinho, onde nada possa me atingir. A não ser essas malditas formigas.

Sonho

Estou a sete palmos da vida que eu sonhei
E esse cansaço eu não sei de onde vem
Qual é a fraqueza mais forte?
O que devo combater
Em mim?

O que devo combater em mim
Além do medo de morrer
Além da vontade e da dúvida de viver?

Estou a sete palmos da vida que sonhei
E nunca me senti tão cansado
Os valores ruíram enquanto eu dormia
Eu queria acordar no meio de um sonho
Sabendo que os sonhos são menos reais que a vida.

Mas agora, a sete palmos, não consigo mais mentir
Pra mim mesmo
Sei que o ar é mais que respiração
E que o pulmão é maior que o peito
Sei também que tudo isso é gratuito.

Estou a sete palmos e ninguém se importa
Porque todos estão a sete palmos
Dos sonhos que têm.
E todos sabem que os sonhos são mentiras
Por serem tão reais.

domingo, 25 de abril de 2010

Na língua da lua

A existência escorregadia do silêncio
A fluidez das horas noturnas
O barulho da respiração
Os sapatos solitários da rua
A curiosidade das estrelas
A sensualidade da fumaça do cigarro dançando sob a luz do abajur

Tudo isso é um ritual e me faz perceber que os cães ladram na língua da lua.

velório

As cartas e os objetos e as histórias dos objetos na cama. Dois corpos ao redor, chorando, mortos, velando a última coisa em que acreditavam juntos.