Quando nascemos, choramos de frio.
Na infância choramos de medo,
na adolescência choramos de paixão.
Na juventude, de incerteza.
Adultos, choramos pelo que poderia ter sido e não foi.
Já velhinhos, choramos de saudade
Quando a gente morre, choram por nós
e nos esquecem.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
segunda-feira, 30 de junho de 2008
LP
O som
Que eu quero ouvir
Começa assim
Como uma fogueira
Quase-no-fim
Eu fico assim
Olhando lugar algum
|E por alguns segundos
Tudo está mais livre
(do que eu)
O que aconteceu
Com o resto de tudo?
Eu
Sobrevivo assim
Vou aos poucos
Como uma fogueira
Quase-no-fim
Eu fico assim
Olhando lugar algum
E por alguns segundos
Eu me encontro pra sempre
E tudo é grande demais
Nesse ecoar menor enorme
Tudo é pouco e demais (a)onde o mundo jazz.
Que eu quero ouvir
Começa assim
Como uma fogueira
Quase-no-fim
Eu fico assim
Olhando lugar algum
|E por alguns segundos
Tudo está mais livre
(do que eu)
O que aconteceu
Com o resto de tudo?
Eu
Sobrevivo assim
Vou aos poucos
Como uma fogueira
Quase-no-fim
Eu fico assim
Olhando lugar algum
E por alguns segundos
Eu me encontro pra sempre
E tudo é grande demais
Nesse ecoar menor enorme
Tudo é pouco e demais (a)onde o mundo jazz.
Circuito Aberto
Acordou, beijou a mulher, escovou os dentes, beijou a mulher. Vestiu uma roupa fora de moda. Bebeu café e leu qualquer coisa repetida. Esqueceu o que leu. Pegou as chaves, a carteira e o celular. Abriu a porta, saiu...
A mulher acordou, foi pro banheiro e sentiu cheiro de menta. Sentiu saudades. Olhou no espelho. Rugas pueris. Escovou os dentes. Bebeu café, comeu um pão, ligou a tv. Limpou a casa. Fez comida, comeu, guardou o resto na geladeira. Saiu pra ver o sol e os prédios. Viu gente, viu cores, viu carros, viu o sol e viu os prédios. Viu uma árvore. Tocou suas folhas e sujou a mão de pó. Voltou pra casa, comeu. Viu tv. Rezou e foi dormir preocupada e sozinha e com medo. De novo.
A mulher acordou, foi pro banheiro e sentiu cheiro de menta. Sentiu saudades. Olhou no espelho. Rugas pueris. Escovou os dentes. Bebeu café, comeu um pão, ligou a tv. Limpou a casa. Fez comida, comeu, guardou o resto na geladeira. Saiu pra ver o sol e os prédios. Viu gente, viu cores, viu carros, viu o sol e viu os prédios. Viu uma árvore. Tocou suas folhas e sujou a mão de pó. Voltou pra casa, comeu. Viu tv. Rezou e foi dormir preocupada e sozinha e com medo. De novo.
Carta de Garrafa
Agora que você se foi, eu consigo pensar melhor. Às vezes isso é tão ruim. A sua ausência me desprotege, desagrega. Mas a vida é minha e eu nunca dispenso. Prefiro pensar. Prefiro cismar que é desábito e me desloco, soberana e com medo de não saber qual é o meu nado.
Desprotegida, eu me entrego ao desejo e não sei se volto. Eu estou saindo daqui diariamente, mas não como você fez, quando sua vida traiu meu coração mortal. Estou saindo daqui pra prostituir minha subjetividade e depois voltar, confusa e com fome.
Desprotegida, eu me entrego ao frio. Bem no meio do calor da multidão eu flano fria. O frio de pensar melhor consome minhas energias, me definha e me dá fome.
Desprotegida, eu me entrego ao medo e me abraço. Eu tento suprir minha ausência, da sua partida até então. Meus braços, que eram um pedaço do seu abraço, no seu vazio me servem de salva-vidas. Com minhas mãos eu flutuo nesse oceano que você quis saber, desprotegida.
Mas eu sinto a fome que água traz ao corpo...
Desprotegida, eu me entrego ao desejo e não sei se volto. Eu estou saindo daqui diariamente, mas não como você fez, quando sua vida traiu meu coração mortal. Estou saindo daqui pra prostituir minha subjetividade e depois voltar, confusa e com fome.
Desprotegida, eu me entrego ao frio. Bem no meio do calor da multidão eu flano fria. O frio de pensar melhor consome minhas energias, me definha e me dá fome.
Desprotegida, eu me entrego ao medo e me abraço. Eu tento suprir minha ausência, da sua partida até então. Meus braços, que eram um pedaço do seu abraço, no seu vazio me servem de salva-vidas. Com minhas mãos eu flutuo nesse oceano que você quis saber, desprotegida.
Mas eu sinto a fome que água traz ao corpo...
terça-feira, 27 de maio de 2008
ser vem antes de estar
Se você quiser estar comigo,
prometo não sermos dois.
Seremos nós mesmos.
Seremos onze.
prometo não sermos dois.
Seremos nós mesmos.
Seremos onze.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Rotação
A quarenta quilômetros por hora
eu vejo da janela mendigos, prostitutas e playboys
as luzes brancas apagadas
as vermelhas acesas, algumas dobradas em palavras
A oitenta quilômetros por hora
vejo gente.
as palavras vão se desmanchando
e símbolos estranhos continuam seus significados
160 km/h.
as luzes são contínuas, infinitas aquarelas
velocidade de cor, vertigem de mistura
sem margem
eu já não sei mais onde acaba uma pessoa e começa outra.
eu vejo da janela mendigos, prostitutas e playboys
as luzes brancas apagadas
as vermelhas acesas, algumas dobradas em palavras
A oitenta quilômetros por hora
vejo gente.
as palavras vão se desmanchando
e símbolos estranhos continuam seus significados
160 km/h.
as luzes são contínuas, infinitas aquarelas
velocidade de cor, vertigem de mistura
sem margem
eu já não sei mais onde acaba uma pessoa e começa outra.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
terça-feira, 6 de maio de 2008
Aquários
A lua solta no céu
e o peixe preso na água
A lua presa no céu
o peixe solto na água
eu vou jogando anzóis
pra me libertar.
e o peixe preso na água
A lua presa no céu
o peixe solto na água
eu vou jogando anzóis
pra me libertar.
domingo, 27 de abril de 2008
Aviso Prévio
Desenganar é desmentir.
Despedir-se de si
É dessarte dessorrir, dessonhar
Despertar
O desengano é destro.
Desplantado, despido
Destino
De ser
O desenganado é o desperdício desistir
Desvício de sentir
É desvidrar
A vida
Despedir-se de si
É dessarte dessorrir, dessonhar
Despertar
O desengano é destro.
Desplantado, despido
Destino
De ser
O desenganado é o desperdício desistir
Desvício de sentir
É desvidrar
A vida
Minguante
O fim do túnel
O ruído que fazia
Meus passos na calçada
Denunciava que chovera
Enquanto ainda havia
Alguma esperança no céu
Mas agora o fim do túnel
Está cheio de luzes
Artificiais
Não sei se é a solidão
Ou somente o que é insólito
Ou o insólito quer somente solidão
Mas a noite já não é tão criança
Quanto costumava ser
Não sinto culpa
Pelos meus pecados,
Por permanecer acordado,
Tenho muitas opções agora
E deixo pra lá o que for muito complicado
Tudo é muito fácil
Como o gole
Como o sexo
Como a insônia
Como a vida que se deixa escapar
Como a política e a história
Que se passam debaixo do tapete
E como tudo é sempre uma questão de ponto de vista
Como os discursos bêbados
Não vêm que as luzes todas
São artificiais?
Não existe verdade
A fome, a miséria e a felicidade
Nascem do mesmo útero
Tudo é Real
Enquanto busco meu desejo
Sinto meu ser existindo
Cada inspiração é uma inflação
Cada sorte é um acaso
E cada trevo um bem-me-quer
A calçada é a trilha.
No meu mp3 não há mais trilha sonora
Que se adeque aos meus passos
Eu tenho meu próprio ritmo
Sigo sempre a percussão do caminhar
Que compete com a chuva
Que ameaça voltar
Mal-me-quero
Enquanto realizo meus desejos
Sinto meu ser desistindo...
Quando a escuridão não é total
O que eu penso é real.
Toda sombra parece algo
Cada sombra é uma metáfora
Cada esquina um verso...
Pra que poesia
Se agora eu já tenho o que queria
E já não sei o que quero?
A madrugada acabou
As luzes se apagavam
Os ratos voltam ao bueiro
Os homens vestem ternos
A sujeira, os tapetes
Alguma coisa inadequada aparece no céu
Os freios dos ônibus parecem sinos
E a grande orquestra ruidosa se aquece
Para mais uma grande apresentação
Vai começar a velha missa
O ruído que fazia
Meus passos na calçada
Só eu ouvia
Só eu me importava em olhar pra baixo
E não pra frente
É que o sol incomodava a vista e a existência.
Como os discursos bêbados
Não vêm que todas as luzes
São artificiais?
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